domingo, 25 de abril de 2010

Dois Sóis

O Sol ilumina
O dia que amanheceu
E você ilumina o meu.

Astronauta Em Dias de Chuva (Meu Primeiro HAICAI)

Nas poças da rua,
Viajo no cheiro da chuva
E piso na Lua.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

As Melhores Coisas do Mundo

Só existo quando me escondo nas brechas do tempo,
Dentro de pensamentos rendidos, de lacunas que invento.
Sem traços da realidade, sem medo, sem posteridade.
A cada sutil possibilidade de botar os pés no chão,
Me perco de mim, sumo de vista, me encho de vão.

Todas as minhas cópias que se apegam ao fim,
Apagam-se a si mesmas, enfim.
E quando procuro por mim, não existo mais.
Clones vão sucumbindo e eu vou subindo,
Rumando e cantando em direção à paz.

A Terra vai se perdendo num azul cintilante,
Meus olhos buscam aquele crepúsculo antigo.
O coração já não mais bate, nem apanha,
Vai parando no compasso de quem ganha,
[Um lugar ao Sol
Dançando no passo de onde a vida se esvai.

Grão a grão a areia vai descendo,
Empurrando a alma por uma ampulheta imaginária,
Desprendendo as memórias e rasgando o peito.
Segundo a segundo, uma luz vai cegando
E minha subida pela escada alada é interrompida.

[São eles, como poderia me esquecer? Meu cordão umbilical com a vida real.

Todas as melhores coisas que errôneamente
Fui procurar num outro mundo qualquer,
[E não me culpo, nem me desculpo.
Pensando que de mil problemas me furtaria,
Agora vejo que estão todas
Aqui.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pessimismo Poético

Quem é vivo sempre perece.

sábado, 17 de abril de 2010

De costas

Ultimamente, todos os nossos beijos têm sido de tchau.

Autoesquecimento

Autoconhecimento sem

[O nosso
Consentimento,
Deveria vir sem sentimento.

Entretanto, vem encharcado dele.
Entre tantos, fica difícil separar a carne, da pele.

[E o corpo, da alma
Aprender a nós mesmos, nos ensina a desaprender,
A se arrepender.

Memórias em caixas empoeiradas,
Retratos austeros em gavetas mofadas.
Quanto mais aprendemos de nós,
Menos nos (re)conhecemos.

Autoconhecimento é autoesquecimento.
Palimpsestos em muros de cimento.
Mal enxergo quem sou,
Mal enxergo quem fui.

Terei ainda, uma vida que posso
Chamar de minha?
Serei eu,
Só uma lembrança de mim?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Poço do Fundo

O fundo do poço é mais fundo.
Tão profundo
Que nem a imaginação alcança,
Que até a invenção se cansa.

O poço do fundo é este mundo.
Inquieto por si só.
Presente e inconstante e profundo.
Faz a cabeça dar nó.

O fosso que nos apresenta à fossa.
O passo que se passa em vão,
Em direção à funebre marcha
Que conduz o coração.

"Tudo o que passa,
Tudo o que dura,
Tudo o que duramente passa
Tudo o que passageiramente dura"

O fundo do poço não dá pé.
Começa nesse mundo e acaba num outro qualquer.
Faz fronteira com o céu.
Separado apenas por 7 palmos de terra.