segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sem Métrica

Seus olhos de inverno,
Intensos e indiscretos,
Imensos e secretos,
Orbitam e congelam
Os espaços ao nosso redor.

Seus olhos de inverno,
Frios e vazios,
Nus e antigos,
Ventam e inventam
As memórias dos destroços
Disfarçados de abraços.

Seus olhos de inverno
Encharcados e retorcidos
Borbulham e mergulham em mim,
Em instantes distantes
E lagoas profundas.

Seus olhos de inverno,
Secos e chuvosos,
Fazem florescer sonhos
Em pingos de garoa
Que correm sobre mim
E escorrem como lágrimas
Que carregam o fim.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Salva-Vidas

Enfim, estou me afogando
Em mim.
Não me salvem.

Tão Pessoal

Tudo isso tem me rasgado
Por dentro.
Um passado engasgado vem todos os dias
Ao meu encontro.

Chagas imortais, feridas pessoais.
Um vazio ácido toma conta de mim.
Perdi as contas das vezes que mais
Desejei que fosse o começo do fim.

Tudo isso me doi na alma.
Não me peça calma,
Pois meu tempo já passou
E me fez esquecer quem sou.

O que mais quero agora
É brindar o futuro.
Dar o fora
E esperar do outro lado do muro.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Morto-vivo

Tenho morrido todos os dias.
Partindo sem despedida.
Transformando laços
Em desencontros.

Um buraco negro
Tomou o lugar do meu peito.
Pronto. O estrago foi feito.

A eternidade de cada segundo
Me faz lembrar que a pior,
E mais lenta morte,
É viver.

Um contra cem

Ah, o exército do tempo.
Elimina os minutos
Com uma astúcia desumana.
Nos torna reféns do destempo.

As marcas já aparecem em meu rosto,
Limitam meu ar.
O presente virou passado
E eu cansei de lutar.

Sou só um.
Um contra cem. Combatentes impiedosos
Que vivem num ataque iminente.
Sou só um. Contra cem. Sem ninguém.

Presente do passado

Estou atrasado.
Meu presente dos sonhos
Vive no passado.