quarta-feira, 24 de outubro de 2012

basta

bastam
minhas mãos
com as suas
em cima
para transformar
medo em rima.
bastam
as pontas
dos seus dedos
para o Sol nascer
mais cedo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

arestas

é do amor
esculpir
não parar
até aparar
as arestas
para que
os dedos
se encaixem
melhor.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

entrevada

a vida
entrevada
em si mesma
paralítica
se arrasta
no espaço
pífio
dos dias
no período
natimorto
das horas
viver
e seu
entendimento
não nos cabe
morrer
é a única coisa
que a gente
sabe.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

um ou quatro

nossos dedos
ainda encaixam
nossos beijos
ainda casam
estivemos
estaremos
estamos
vivendo
nosso primeiro mês
pela segunda vez

da passagem do tempo

você viu
o minuto
que sumiu?
o minuto
que estava aqui
há um minuto?
o minuto miúdo
que sumiu
mudo?
você viu
o minuto
perdido
na imensidão
dos minutos?
você viu
passar por aí
esse minuto?
um minuto bonito
desses que não dão
a todo minuto?
alguém viu
o minuto que sumiu?

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

mãos

as mãos são navios
que descobrem
as ondas do corpo
as tempestades do peito
as mãos são
piers portos portas
passagens para o abrigo
do plural
são a água que suaviza
o sal
o gás que colore
o céu
as mãos são portões abertos
porões recheados de mistério
as mãos são o perdão da vida
por passar assim breve
antes mesmo que possamos
entrelaçar os dedos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

incomudar


o que
em comum
incomoda
se muda

tamanho único

se sobra
ou aperta
é bom
acostumar:
a vida
é tamanho único.