segunda-feira, 26 de maio de 2014

se

se desse
queria saber
no que 
pensa
enquanto
me esquece.

habitar

feito um grito
atravessando 
um cômodo vazio 
você passou
sacudiu a arquitetura
do silêncio 
e mobiliou o nada
com o projeto
mais exato
pregou sua voz
nas paredes
que até hoje vibram
entre o chão e o teto
o que me resta
é habitar teu eco
enquanto você
não volta.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

costura

tenho 
mãos nuas
apesar 
de tantas
linhas
faltam
as tuas
costuradas
nas minhas.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

aos que pedem tempo e aos que esperam

pés cravados
no asfalto
dedos
feito raízes
toda espera:
esse impasse
delicado entre
florescer ou
manter-se plantado.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

medição a dois

mede-se
em pés
a profundidade
a intimidade
se mede
deitado.

refém

todo penhasco
guarda em si
sua própria queda
emparedada
envelhecida
não há saída
a não ser 
estar sempre 
à beira
a apenas
um passo de
todo penhasco
é refém de sua
verticalidade.

proporção

na vida
polpa casca e caroço 
nunca vêm 
na mesma medida 
viver é
antes de morder 
ajustar a mordida.