skip to main |
skip to sidebar
o amor
é um funil
que dissocia
o espesso
e dá espaço
ao sutil
tira das coisas
seu essencial
sem machucá-las
ou tirar sua cor
como um inseto
que rouba da flor
apenas o pólen
que lhe cabe
o amor
é um funil
eis o porquê
da demora:
com sorte
pinga uma
só gota
a cada hora.
vê
se há nisso
algum nexo:
só te tenho
ao alcance
dos olhos
quando
os fecho.
a gente
ainda
tem jeito
mesmo com
o cansaço
eu cruzo
os dedos
pra você
descruzar
os braços.
sou
um museu
seu
trago exposto
em acervo
permanente
tudo que
em mim
você esqueceu.
costumam fechar
os olhos
para se concentrar
melhor
veja alguém
com o rosto
contra o vento
certamente os olhos
estarão fechados
de certa forma
ao anular
um dos sentidos
aguça-se os outros
é científico
empírico
mas veja bem
quando penso
em você
fecho os olhos
pela exaustão
sua lembrança
é tão constante
que me ocorre
fechá-los
ao menos para evitar
o esforço de piscar.
toda cadeira
nasce sentada
sobre quatro patas
permanece apoiada
dia após dia
desde o dia
em que foi gerada
é completa em si
em sua arquitetura
projetada
seu encosto
feito coluna
quase lhe confere vida
mas ao invés de andar
prefere viver parada
seu assento
lhe dá o direito
de nunca esperar
e sempre ser esperada.
dúvida máxima:
quantos olhos
cabem numa lágrima?